Campanha do Dia Mundial Sem Tabaco deste ano, lembrada em 31 de maio, visa destacar a necessidade de políticas públicas mais fortes para proteger os jovens – e adultos – do crescente apelo dos produtos de tabaco e nicotina. Entre os alertas está a preocupação pelo uso de cigarros eletrônicos que tem aumentado nos últimos anos, assim como as doenças que eles causam
Data, maio – 2025 – O consumo de cigarros convencionais ainda chama a atenção dos órgãos de saúde. Por outro lado, desperta o foco para o crescente uso dos cigarros eletrônicos que tiveram um aumento significativo nos últimos anos, subindo de quase 500 mil, em 2018, para 2,8 milhões, em 2023, segundo dados do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica – IPEC.
Conforme destaca o médico pneumologista Márcio Martins, membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM, é necessario atenção, principalmente, dos pais com os filhos, devido ao crescimento dos cigarros eletrônicos entre os jovens, que imaginam que eles não causam efeitos como os cigarros “comuns”, o que não é verdade. “Primeiramente, é importante entender que, o tabaco, presente nos cigarros comuns, causa uma série de problemas à saúde, como doenças crônicas, com o risco aumentado de câncer dos mais variados, como pulmão, boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga, além das doenças cardiovasculares, AVC, hipertensão arterial, aterosclerose e outras doenças respiratórias. E claro, causa dependência química”, explica o profissional.
Além disso, os não-fumantes precisam ficar atentos, pois podem se tornar o que conhecemos como “fumantes passivos”, que é quando a pessoa não fuma, mas inala a fumaça do tabaco em ambientes fechados, causando problemas de saúde semelhantes aos de um fumante ativo. “Como já citamos, causa risco aumentado de câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e também outros problemas como irritação nos olhos, cefaleia, náusea e agravamento de doenças como asma e alergias. Crianças também são vulneráveis à exposição ao fumo passivo, afetando a defesa das suas vias aéreas, pois seu sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Para gestantes, leva à consequências, inclusive, parto prematuro, baixo peso ao nascer e até morte súbita”, completa.
CIGARROS ELETRÔNICOS
Crescente entre os jovens, mas também entre adultos que imaginam que os efeitos são menores do que um cigarro comum, os cigarros eletrônicos (VAPE) e outros como os narguilés, causam danos igualmente prejudiciais. “Eles não são alternativas seguras ao cigarro convencional. Ambos podem levar à doenças respiratórias, cardiovasculares e até mesmo câncer, além de outras complicações”, afirma o médico pneumonologista. “Os cigarros eletrônicos exalam um vapor que causa inúmeros problemas de saúde, leva a danos respiratórios e pode desenvolver doença pulmonar crônica, cardiovasculares, câncer e a nicotina presente em muitos cigarros eletrônicos é altamente viciante, podendo levar a uma grande dependência. E além disso, pode prejudicar a saúde bucal, o desempenho de exercício, aumentar o risco de uso de álcool e maconha. O narguilé também é dentro da mesma área”, explica, destacando ainda que segundo o INCA, o uso de narguilé durante 1 hora corresponde ao consumo de 100 cigarros convencionais.
O pneumologista reforça que o uso de cigarro eletrônico, além de todas as doenças citadas, está associado a uma série de riscos para saúde, incluindo doenças respiratórias, cardiovasculares e lesão pulmonar aguda, chamada EVALI, (E-cigarette or Vaping use-associated Lung Injury) surgida em 2019, nos Estados Unidos, que é causada pelos produtos líquidos usados nos VAPEs. A EVALI é uma doença grave que causa uma inflamação intensa e danos nos pulmões, podendo levar a dificuldade respiratória e em casos mais graves, inclusive, à óbito. Pode ainda, causar bronquite, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica e cardiovascular, infarto, acidente vascular cerebral, hipertenção arterial, síndrome coronariana aguda (SCA), danos no sistema nervoso central, no intestino, entre outros”, reafirma o médico em seu alerta.
É importante explicar também que, “há diferenças importantes nos danos à saúde causados pelos cigarros eletrônicos entre jovens e adultos. Os jovens, como estão em desenvolvimento, são mais vulneráveis aos efeitos nocivos da nicotina e de outras substâncias tóxicas presentes nos cigarros eletrônicos. O uso precoce desse dispositivo pode ter consequências a longo prazo, principalmente, em relação ao cérebro, e a nicotina interfere nesse processo, bem como maior risco de dependência e uso de cigarros convencionais, danos à saúde bucal, doenças pulmonares, envelhecimento precoce e danos ao sistema circulatório e vascular. Nos adultos, também cria risco de dependência e outras doenças, sendo os VAPEs prejudiciais tanto aos jovens quanto aos adultos”.
VIDA SAUDÁVEL
Conforme o médico Márcio Martins reforça, para evitar o cigarro, seja convencional ou eletrônico, e ter uma vida mais saudável, é importante adotar uma dieta equilibrada, beber bastante água, fazer atividades físicas e evitar substâncias, como café e álcool, que podem aumentar a vontade de fumar. “Também é crucial buscar apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde, além de identificar e cortar os gatilhos que levem ao fumo, como evitar situações ou momentos que lembram cigarro, entre eles bares, restaurantes, áreas de fumantes e mudanças de rotina. Mantenha ordem nos afazeres do dia a dia, alternando os trajetos para casa ou trabalho. E, mais uma vez, busque por suporte forte, de amigos, familiares e até de terapia”, frisa o pneumologista.
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