Você que acabou de vencer uma eleição e vai assumir o cargo de prefeito ou prefeita tem a oportunidade de definir o tamanho das suas ações.
No seu discurso, na sua comunicação, você pode inaugurar uma rua, cortando fita e batendo palmas, ou fazer com que essa nova rua signifique o fim da poeira e do barro para alguém. Para alguém que muitas vezes tinha apenas um par de calçado para sair de casa e outro para usar no trabalho. Para alguém que escorregou no barro e sentiu vergonha. E que agora pode sentir orgulho, porque essa rua é para essa pessoa também.
Você pode inaugurar uma escola ou pode mostrar para as pessoas que a cidade está fazendo sua parte no Estado que tem os menores índices de analfabetismo do Brasil. A escola que vai definir se o filho dessa comunidade, daqui a poucos anos, estará buscando um emprego de salário mínimo ou escrevendo “engenheiro”, “advogado”, “programador de TI” no currículo, como toda mãe gostaria de ver.
Parece coisa pouca, mas não é. O nome disso é legado. Ou você vai inaugurar ruas e escolas, e tomara que inaugure muitas, ou você vai deixar um legado para a cidade, para o seu povo, sua gente, através dessas inaugurações. Se essa ou aquela escola foi inaugurada por esse ou aquele prefeito, muita gente vai esquecer. Porque o foco está na escola, na obra.
Mas quando você muda o foco para o legado que pode deixar na educação, na saúde ou na prefeitura, ninguém esquece. O público vai se render pela grandeza das suas ações. E, de novo, é você que tem a condição de definir o tamanho das suas ações.
Para ajudar na construção de um legado, você pode começar a se perguntar justamente que legado você quer deixar para a cidade. Perguntar para sua equipe que cidade estará ajudando a construir e que cidade teremos daqui quatro anos.
A dificuldade de construir ou mesmo de deixar um legado para o município é que precisa conciliar ao menos dois mundos. Primeiro, o da inspiração, que vai trazer as soluções. Claro que atender demandas da sociedade ajuda nisso, mas não resolve “per se”. Porque as pessoas em geral não têm visão sistêmica. Isso cabe aos gestores responsáveis por pensar o município que se pretende construir. Lembrando de uma anedota, se sua equipe só assenta tijolos, melhor treiná-la para que comece a construir casas.
O segundo mundo a conciliar, uma vez que a inspiração deu resultado, é justamente o da comunicação. Para construir e deixar um legado é preciso ir além de releases e entrevistas. É preciso dimensionar a importância, conduzir a audiência por esse entendimento e dar significado. Imagens, com fotografias ou vídeos, são ótimas ferramentas, mas é a história que se conta que ganha o jogo. Eu costumava dizer aos repórteres que há várias formas de se contar determinada história, mas temos que encontrar aquela que vai emocionar a ponto de fazê-la ser lembrada. E quando sua história for lembrada, você estará construindo seu legado.
Autor: Jornalista Guarany Pacheco
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