Dra Vanessa com o seu sonho de mãe realizado: a pequena Teresa.
Créditos: Luciane Cassere
Data Maio.2025 – Tornar-se mãe é um sonho de muitas mulheres, mas nem sempre conquistá-lo é fácil. Algumas vezes é preciso enfrentar algumas dificuldades, lágrimas, frustações, buscar a fé e, hoje em dia, a medicina oferece uma série de alternativas para transformar este sonho, em realidade.
A fisioterapeuta Raquel Uebel sempre desejou ser mãe. Aos 35 anos de idade, quando casou, iniciaram os planos para engravidar, mas também veio a decepção. Ela e o esposo receberam o diagnóstico de infertilidade sem causa aparente. Mas ainda existia esperança, inseminação artificial ou Fertilização in Vitro. Mas a pandemia adiou os planos , mas não o sonho. Depois deste período, resolveram tentar novamente e fizeram novas tentativas, com mais algumas frustações pelo caminho até que, finalmente, deu certo. Agora, aos 43, ela será mãe. A Ayla nasce em julho.
“Eu falo para todas as minhas amigas hoje que, se não pensa em ter filhos antes dos 35 anos, fale com o seu médico, encontre uma clínica séria de reprodução assistida e congele seus óvulos, é uma garantia de no futuro poder realizar esse sonho. Caso estejam tentando engravidar a mais de um ano, não perca tempo, busque um dos métodos oferecidos. Nada é tão valioso quanto ter seu sonho realizado, seja qual for a maneira. Nós temos outro embrião congeladinho. Se a minha gestação da Ayla continuar tudo bem, como está, eu já disse para o meu marido: ano que vem vamos lá buscar o outro óvulo para ele não ficar lá, sozinho”, conta a futura mamãe.
Assim como a Raquel contou, a primeira conversa dela sobre engravidar foi com o ginecologista. A médica Vanessa Sauer, membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM, relata que em seu consultório também recebe muitas mulheres com as mesmas dúvidas e ansiedades. “Sempre digo que o ginecologista deve ser, antes de tudo, um amigo da paciente e conhecer toda a vida desta mulher, acompanhando o desejo dela de ser mãe, cedo ou mais tarde. A partir daí, nós vamos orientar sobre todas as formas, seja normalmente ou, quando necessário, através de algum método de reprodução assistida”, explica a ginecologista e obstetra.
Sendo assim, de acordo com a doutora Vanessa, o primeiro passo quando a mulher manifesta a vontade de engravidar é organizar a parte médica da futura mãe. “Sempre tentamos melhorar a dieta, atividade física e a carteirinha de vacinação, tanto da mulher, quanto do pai e das possíveis pessoas que vão conviver com a criança. Junto com isso, começa a suplementação que deve ser sempre utilizada por todas as mulheres que desejam engravidar, que é o ácido fólico. Além de fazer um exame físico bem detalhado, coletar preventivo de colo de útero, verificar vitaminas e deixar tudo mais organizado possível para uma futura gestação”, frisa a ginecologista.
QUANDO A MEDICINA TEM ALTERNATIVAS
Mas e quando o método tradicional não funciona? A medicina atual ajuda! A ginecologista e obstetra Vanessa Sauer reforça a importância de conversar com o médico o mais cedo possível e se preparar. Conforme ela explica, mulheres abaixo dos 35 anos, devem tentar engravidar durante um ano, caso não aconteça, o protocolo médico sugere investigar infertilidade. Já as mulheres acima de 35 anos, a recomendação é investigar quando tentou durante seis meses e não conseguiu engravidar. Neste caso, um dos primeiros exames que é feito, além da parte laboratorial e nutricional, é a permeabilidade das tubas uterinas da mulher. É preciso saber se, anatomicamente, está tudo certo para o óvulo conseguir encontrar o espermatozóide. Nesta mesma consulta, em casos tradicionais, é solicitado um espermograma para avaliar a quantidade e a qualidade do espermatozóide”.
“É importante as mulheres saberem que, nascemos com uma quantidade limitada de óvulos. Por exemplo, quando a gente nasce, temos cerca de 1 a 2 milhões de óvulos e vamos perdendo esses óvulos com o passar dos dias e quando chegamos na puberdade esse número está em 300 a 500 mil e com o passar dos anos, diminui ainda mais. Então, a chance de uma mulher engravidar depois dos 35 anos é muito menor do que uma mulher aos 20, quando a qualidade e a quantidade de óvulos é muito superior”, explica a médica. A boa notícia, destaca a ginecologista, é que a medicina têm evoluído muito nos últimos anos e trouxe alternativas para as mulheres.
“Atualmente, o quanto antes conversarmos com essa paciente e definir com ela se pretende ou não demorar para ter filho, nos dá alternativas. Uma delas é a possibilidade de congelar esses óvulos para garantir a quantidade e qualidade. Então, sempre quando a gente pensa em congelar óvulo, quanto mais cedo fazemos isso, melhor. O óvulo de uma mulher de 30 anos e a qualidade, é infinitamente superior do que de uma mulher de 35, 37, 40 anos”, explica a médica.
Outro método comum quanto se fala em reprodução assistida, é a fertilização in vitro (FIV), que é quando o óvulo é fertilizado com o espermatozóide em ambiente laboratorial, formando embriões que, posteriormente, são transferidos para o útero da mulher. Chega-se a este método quando, por exemplo, o casal não tem resultado com o método utilizado antes deste, que é o coito programado. Neste caso, o médico já fez toda a investigação, verificou-se que a paciente tem bloqueios que levam o profissional a recomendar a FIV. “Para a recomendação de FIV, geralmente, tem várias causas que podemos encaminhar e recomendar uma fertilização em vitro. Uma delas é quando as trompas não estão pérveas, não estão limpas, não estão livres e tem uma dificuldade daquele óvulo encontrar o espermatozóide fecundar e gerar uma vida. E aí a gente facilita, produzindo no laboratório e colocando pronto dentro do útero da paciente”, conta a médica que acompanha o caso de várias pacientes e encaminha para clínicas da região, onde inicia um trabalho em conjunto com outros profissionais especializados em reprodução assistida.
“Em nossa região existem diversas clínicas confiáveis que fazem esses e outros procedimentos, como em Blumenau, Balneário Camboriú, Florianópolis e Joinville e que são extremamente adequados para nossas pacientes que estão com diagnóstico de infertilidade. Fundamental é saber que, quanto mais cedo e mais breve definirmos que essa paciente vai necessitar de ajuda especializada, de centros especializados, é melhor. A gente sabe que tempo é ouro. Então, quanto mais breve, mais precocemente, conseguir encaminhar essa paciente, teremos melhor êxito”, frisa.
DE MÉDICA PARA PACIENTE
Acostumada a ouvir mulheres de todas as idades em seu consultório com os mais diferentes relatos, como ela mesmo descreve, “desde a primeira menstruação, lidar com acne, orientação de dieta, atividade física até menopausa, passando por conversas com mulheres que não pretendem ter filhos, outras que gostariam de ter filhos mais tarde até aquelas que buscam a médica para iniciar os cuidados para uma gravidez, a ginecologista e obstetra também precisou procurar uma clínica de reprodução assistida para engravidar. Ela conta que foram dois anos de tentativas.
“Eu lembro que, quando eu e meu marido passamos pelo diagnóstico de infertilidade, por tudo o que isso gera, é uma carga emocional muito grande, é um tabu muito grande, e ninguém quer conversar sobre isso, as próprias amigas e a família, não querem tocar no assunto, pois as pessoas têm tanto medo de te magoar, que elas preferem fingir que você não está tentando, que não está acontecendo, que você não tem esse diagnóstico.Eu sou uma pessoa muito falante, então era um grito preso dentro da minha vida e eu não poderia externar. Muitas vezes eu escutei coisas como: ‘mas tu é tão jovem’. E eu, o tempo todo só pensava: ‘Graças a Deus que eu sou jovem e já tenho esse diagnóstico. Imagina se eu tivesse deixado pra depois dos 35?’. Digo isso, pois comecei a tentar engravidar, teoricamente, com 28, 29 anos, e tive minha filha com 32. Então, faz toda a diferença agir precocemente, porque temos tempo e conseguimos fazer muita coisa. O problema é quando nós vemos quando já está lá no fim, quando só tem 1% de chance. É claro que, hoje em dia a medicina nos traz outras alternativas, – como citamos -, ou pegar óvulos doados de outras mulheres, com outra carga genética, transferir para você e teres o seu filho. É uma infinidade de questões que tem que conversar. Então, a minha dica maior é essa: converse com o seu médico sobre o assunto, hoje”, alerta a médica, mãe da pequena Teresa.
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