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Camboriú: uma cidade sem bibliotecas

by Pedro Paulo outubro 6, 2020, 4:44 pm 142 Views

Camboriú: sem investimento bibliotecas viram salas de aula

A literatura ensina conteúdos e amplia as referências da criança para se relacionar com o mundo, mas é ignorada pela educação municipal .

Se o alimento do conhecimento tem como uma das fontes a literatura, no município de Camboriú, penúria é o estado em que os alunos se encontram.

Nossa reportagem visitou todas as escolas de primeiro ao nono ano, e se deparou com uma situação de absoluta omissão: as bibliotecas e os laboratórios de ciências, por falta de espaço físico e para construção e novas salas de aula, foram desativados.

Em algumas unidades, salas minúsculas abrigam livros didáticos, não de literatura, que alguns professores chamam de “ biblioteca improvisada”. É o caso da salinha do Grupo Escolar Joaquim Magalhães. Apesar do esforço da equipe, o lugar é pequeno e mantém uma estante com a maioria livros didáticos. O local atende do primeiro ao quarto ano.

De todas as escolas fiscalizadas pelo Sisemcam, apenas duas tinham bibliotecas: a Escola Básica Domingos Fonseca e a Escola Anita Bernardes Ganancini,esta, disponível só este ano, e ainda sem uso por conta da suspensão do ano letivo.

CORREDORES PRA CHAMAR DE SEUS

Sem sala suficiente, o jeito foi extinguir mais um espaço do saber. Com 837 alunos, e para conseguir atingir o número de 27 salas de aula, na Escola Ivone Teresinha Garcia, os anos de registro histórico contidos nos livros tem destino incerto.

As obras que antes passavam pelas mãos dos estudantes, agora acharam assento em cadeiras e estão amontoadas com outros objetos. Livros didáticos, de literatura e materiais pedagógicos estão no corredor da escola.

Nesta mesma unidade escolar, outra situação chama a atenção: as salas de atendimento psicopedagógico para pais e alunos ficam dentro da sala dos professores, separadas por paredes de pvc sem qualquer privacidade. Um professor que não quis se identificar diz que “é constrangedor tanto para os professores quanto alunos e familiares. Como atender um pai ou estudante num ambiente como a sala dos professores?, desabafa.

Escola Ivone Garcia: livros no corredor e psicopedagogia junto da sala dos professores

A maior escola da cidade de Camboriú, o Caic do bairro Monte Alegre que possui 41 salas e 1153 alunos, destes, 585 alunos na educação infantil, não possui nem biblioteca nem laboratório de ciências.

Em entrevista ao site www.plataformadoletramento.org.br a bibliotecária Gláucia Mollo afirma “é um contrassenso saber que a escola, espaço primordial para o ensino da leitura, ainda existe sem a biblioteca. A biblioteca é o local onde se experimenta a leitura de entretenimento, o estudo, a pesquisa, a informação e o lazer, além disso, é nela que encontramos os diferentes tipos de textos e seus respectivos suportes, para que se possam formar leitores mais conscientes e críticos”.

“TODAS DEVERIAM TER BIBLIOTECAS, É LEI”, DIZ PRESIDENTE DO SISEMCAM.

A presidente do Sisemcam- Sindicato dos Servidores Públicos de Camboriú, Luciana Sobota, foi pessoalmente em todas as escolas e está preocupada com o que encontrou.“Até maio deste ano, todas as escolas do país, públicas e privadas, deveriam ter bibliotecas com bibliotecário responsável e um acervo equivalente a pelo menos um livro por aluno matriculado. É o que determina a Lei 12.244, aprovada em maio de 2010, o prazo de dez anos já venceu”, argumenta.

Luciana Sobota visita escola de campo no Rio do Meio.

EXCLUÍDO DO COMITÊ DE VOLTA ÀS AULAS, SINDICATO EXIGIU E GARANTIU A PARTICIPAÇÃO

Criado para debater a volta às aulas e repassar orientações aos diretores e coordenadores, o Plancon-Plano de Contingência da Educação Municipal, havia deixado o Sisemcam de fora do debate. A presidente do Sisemcam exigiu participação no Comitê “ nosso objetivo é fiscalizar as garantias previstas em lei, muitas escolas não tem a mínima condição de retornar após a pandemia. Não há como fazer distanciamento seguro e certeza do uso de máscaras. Visitei escolas em que o álcool gel e as máscaras são levadas pelos professores.”, desabafa Luciana Sobota.